A 36ª Bienal de São Paulo já está em cartaz no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, reunindo obras de 125 artistas e coletivos de diferentes países. Aberta neste sábado (6), a mostra propõe uma travessia marcada por encontros, performances e reflexões sobre humanidade, memória e convivência. Nesta edição, a programação se expande para além das exposições, incorporando shows, apresentações performáticas e experiências interativas que ganham destaque desde o primeiro fim de semana.
Intitulada Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática, a Bienal tem curadoria do camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e sua equipe, inspirando-se no poema Da calma e do silêncio, de Conceição Evaristo. Com entrada gratuita, o evento segue até 11 de janeiro de 2026, quatro semanas a mais do que nas edições anteriores.
Entre os destaques desta edição, está a instalação da artista ganesa Theresah Ankomah, que revestiu a fachada do pavilhão com centenas de tiras de folhas de palmeira trançadas. Performances musicais também integram a programação, que contará com artistas brasileiros e internacionais em diálogos diretos com o público. “A Bienal nasce do desejo de escutar o que pulsa para além das fronteiras”, afirma a co-curadora Keyna Eleison.
A edição de 2025 foi estruturada a partir de três fragmentos curatoriais, que convidam o visitante a desacelerar, a se enxergar no reflexo do outro e a revisitar espaços de encontro como os estuários, onde correntes distintas coexistem e se transformam. Essa metáfora guia uma proposta que vai além da contemplação estética, propondo novas formas de imaginar a humanidade e suas conexões em um mundo marcado por assimetrias.
Mostra da Bienal dividida em seis capítulos
A 36ª Bienal de São Paulo reúne obras de 125 artistas e coletivos organizados em seis capítulos temáticos que exploram diferentes dimensões da experiência humana. Em Frequências de chegadas e pertencimentos, os artistas investigam a relação do ser humano com a terra e o meio ambiente, enquanto em Gramáticas de insurgências o foco recai sobre resistências e novas formas de luta contra opressões históricas. Já Sobre ritmos espaciais e narrações examina os impactos das migrações e deslocamentos na construção de identidades e memórias coletivas.
O percurso segue com Fluxos de cuidado e cosmologias plurais, que apresenta obras que rompem com modelos patriarcais e sugerem outras formas de se relacionar com o mundo. Em Cadências de transformação, a mudança é entendida como potência criativa e condição permanente da vida. Por fim, A intratável beleza do mundo encerra a mostra ressaltando a beleza como gesto de resistência, reafirmando o papel da arte como espaço de reflexão e transformação.
Artistas de destaque da edição
Entre os brasileiros desta edição, destaca-se o modernista Heitor dos Prazeres, com seu retrato singular do cotidiano popular carioca; Lídia Lisbôa, que transita do desenho ao crochê em instalações multiplataforma; e Marlene Almeida, cuja pesquisa visual se debruça sobre materiais brasileiros e pigmentos naturais.
No cenário internacional, a mostra traz o britânico-guianense Frank Bowling, referência do abstracionismo ligado à diáspora africana; a jamaicana Camille Turner, com uma instalação imersiva que mescla ancestralidade e futurismo; além das videoartistas Cici Wu e Yuan Yuan, que exploram os deslocamentos humanos em um curta sobre migração e diáspora. Um dos trabalhos de maior impacto visual é o da ganesa Theresah Ankomah, que cobriu a fachada do Pavilhão da Bienal com centenas de tiras de folhas de palmeira trançadas, criando uma intervenção monumental.