O Mapa da Segurança Pública, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Governo Federal, revela um cenário preocupante para a segurança das mulheres no país: as tentativas de homicídio contra vítimas do sexo feminino cresceram 16,10% em 2024, totalizando 648 registros, enquanto o número de feminicídios se manteve alto — com 1.459 casos, ou quatro mortes por dia.
Embora o índice de feminicídios tenha apresentado leve oscilação de 0,69% em relação a 2023, os dados evidenciam uma tendência contínua de violência letal contra mulheres, que já se arrasta desde 2020. Os casos de lesão corporal seguida de morte também aumentaram 13,73%.
A cidade do Rio de Janeiro aparece entre as mais críticas, com 51 feminicídios, seguida por São Paulo (51), Manaus (16), Teresina (12) e Campo Grande (11).
Em 2024, os casos de estupro cresceram 1,11%, alcançando 83.114 registros, o que equivale a 227 vítimas por dia. A maior parte (86%) são do sexo feminino. Em números absolutos, a região Sudeste lidera com 29.007 casos, enquanto o Norte apresenta a maior taxa proporcional, com 62,44%.
Os dados mostram ainda que as lesões corporais seguidas de morte saltaram de 593 para 729 vítimas — um aumento de 22,93%.
Apesar da queda de 6,33% nos homicídios dolosos gerais (35.365 vítimas), as tentativas de homicídio — inclusive contra mulheres — cresceram 7,47%, com 40.874 registros.
Outro dado alarmante envolve a mortalidade no trânsito, que subiu 8,94%, resultando em 26.138 vítimas fatais, ou 71 mortes por dia.
As mortes por intervenção de agentes do Estado também permanecem elevadas, com 6.134 registros em 2024, ainda que com uma leve redução de 4,02%.
Já os suicídios entre profissionais de segurança pública cresceram 9,63%, atingindo o maior número da série histórica iniciada em 2020: 148 mortes, sobretudo entre policiais militares (70,24%).
Especialistas em direitos humanos alertam para o aumento da subnotificação, que pode estar mascarando um cenário ainda mais grave. Organizações da sociedade civil também pedem investimentos constantes em políticas públicas de acolhimento, proteção e prevenção.
Em contrapartida, órgãos de segurança sustentam que o crescimento de registros também é resultado de maior conscientização e facilidade de denúncia, como o fortalecimento da Lei Maria da Penha e campanhas de mobilização social.