Rui Costa ataca Brasília e desagrada Ibaneis e toda a cidade

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, partiu para o ataque contra Brasília, na última sexta-feira (2). Durante evento na cidade baiana de Itaberaba, ele disse que a capital do País é uma “ilha da fantasia”. Com um discurso ultrapassado e rancoroso, Rui Costa repetiu clichês e preconceitos, como se fosse um líder da direita lacerdista dos anos 1950, que eram igualmente contrários à construção da capital, epopeia liderada por Juscelino Kubitschek. 

 

“Eu chamo aquilo de ilha da fantasia. Aquele negócio de colocar a capital longe da vida das pessoas, na minha opinião, fez muito mal ao Brasil. Era melhor ter ficado no Rio de Janeiro ou ter ido para São Paulo, Minas ou para a Bahia. Para que quem fosse entrar num prédio daquele ou na Câmara dos Deputados ou no Senado, passasse antes de chegar no seu local de trabalho, numa favela, debaixo de um viaduto, com gente pedindo comida, com gente desempregado porque ali as pessoas vivem numa ilha ilusória, numa bolha de fantasia”, disse, mostrando desconhecimento total da realidade do Distrito Federal, unidade da federação onde ele, teoricamente, trabalha de segunda a sexta-feira, todas as semanas desde que foi empossado.

 

Em sua torrente de equívocos, Rui Costa também demonstrou desconhecer a realidade nacional. Afinal, segundo o censo de 2022, a região administrativa do Sol Nascente ultrapassou a Rocinha, com 32.081 domicílios, contra 30.995 da favela carioca. A ignorância de uma das maiores mazelas nacionais e do Distrito Federal, usada como um inusitado painel para críticas, é mostra de incompetência para o titular de uma pasta que é chave da articulação nacional, para se dizer o mínimo.   

 

Tal como uma Emília do Sítio do Picapau Amarelo, Rui Costa não se limitou somente a esta declaração, como publicou, em primeira mão, a colunista Ana Maria Campos, do jornal Correio Braziliense. Para ele, “Brasília é difícil porque lá fazer o certo, para muitos, está errado. E fazer o errado, para muitos, é que o certo na cabeça deles”.

 

Governador repudia declarações
Logo após tomar conhecimento das falas do ministro, o governador Ibaneis Rocha (MDB) classificou-o como “um idiota completo”. Ele também lembrou a mudança nas regras do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), feitas pelo relator da proposta do Novo Arcabouço Fiscal, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA).

 

“Agora sabemos de onde partiu o ataque ao Fundo Constitucional”, disparou Ibaneis, em alusão ao fato de Cajado e Costa serem baianos e aliados na política da Bahia. A alteração na regra deve causar ao DF um prejuízo de R$ 87 bilhões em dez anos, caso não seja rejeitada no Senado ou vetada pelo presidente Lula. 

 

Lideranças petistas reagem
As declarações do ministro desagradaram os petistas da capital. Para o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que já foi presidente do partido no DF, as declarações de Rui Costa foram “infelizes”. 

 

“A fala do ministro Rui Costa, em um evento na Bahia, de que Brasília é uma ilha da fantasia, mostra um completo desconhecimento da capital federal. Diante disto, o convido para conhecer o Sol Nascente, a Estrutural, o Pôr do Sol, e outros, para que conheça o verdadeiro DF”, disse o líder do PT na Câmara Legislativa ao Correio Braziliense

 

Vigilante também fez um desafio ao ministro. “Aqui tem um povo trabalhador. Por isso, aproveito para convidar o ministro pra conhecer o setor industrial da Ceilândia e a nossa zona rural tão produtiva de café, soja, milho, frutas… ele irá se surpreender! A dificuldade aqui não é tão diferente dos morros de Salvador”, emendou, lembrando que Brasília precisa de mais “carinho” e “atendimento” do governo Lula.

 

Ao portal Metrópoles, o vice-presidente da Câmara Legislativa), deputado distrital Ricardo Vale (PT), fez duras críticas ao ministro, seu colega de partido. “Rui Costa não conhece Brasília e acha que nossa cidade se resume ao Congresso Nacional. A fala do ministro foi infeliz, até porque, para o cidadão, não tem ilha da fantasia, mas problemas de saúde, educação e segurança”.

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