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“Advogado defende pecadores, não os pecados”, diz criminalista Cleber Lopes

Reconhecido como um dos maiores criminalistas do Brasil, o advogado Cleber Lopes acaba de assumir um dos maiores desafios da carreira jurídica: defender o deputado federal Chiquinho Brazão, recentemente apontado, em delação premiada de Ronnie Lessa (executor do crime), como um dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. em março de 2018.

“A delação do senhor Ronnie Lessa, que deu causa à prisão e que está dando causa ao oferecimento da denúncia, é uma criação mental. É uma delação absolutamente insustentável e ela não tem lógica nenhuma. Eu desafiei e vou desafiar ainda mais a Polícia Federal e o Ministério Público a dizer qual é a confirmação da delação do Ronnie Lessa. E não há. É um escândalo, é um caso que, se nós tivermos compromisso com a Constituição da República, não tenho dúvida de que o Chiquinho vai ser absolvido”, disse. 

Além disso, o advogado, o qual contabiliza inúmeros clientes importantes em seu escritório, como o próprio governador Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que a inocência do deputado será provada ao destacar que o sistema de Justiça brasileiro precisa ser mais ético e transparente em suas investigações.

“Os homens são suscetíveis ao erro, são suscetíveis às paixões, são suscetíveis a interesses pessoais. Às vezes, isso pode criar uma narrativa falsa, mas é fundamental que as pessoas entendam isso. O advogado é um sujeito indispensável e não pode ser criminalizado porque defende uma causa antipática, porque defende uma causa de alguém que eventualmente esteja na condição de inimigo da sociedade”, sustentou.

Cleber Lopes concedeu uma entrevista exclusiva ao portal GPS|Brasília, onde abordou diversos temas relevantes, como a atual gestão da OAB-DF, a questão das delações premiadas e os possíveis erros judiciais que são registrados no Brasil.

Veja o vídeo:

Delações premiadas

Por casos como os dos irmãos Brazão, Cleber Lopes defendeu que exista um limite para as conhecidas “delações premiadas”, como foi o caso que resultou na prisão do seu atual cliente. Ele se mostrou contrário à forma como são realizadas no Brasil, destacando que o processo deve ser mais sério e menos baseado apenas em negociações.

“Eu acho que a delação premiada não pode ser feita por quem está preso. Sujeito preso e recebe do autoridade policial a transposição. O sujeito conta a história, às vezes inventa e é colocado em liberdade. O advogado precisa ser entendido como um sujeito indispensável se está na Constituição Federal. O advogado é um sujeito indispensável no processo criminal. O advogado defende o pecador, não defende o pecado”, defendeu.

Ao comentar sobre a atual gestão da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF), comandada por Délio Lins e Silva, Cleber Lopes criticou a falta de representatividade e diálogo da instituição com a sociedade civil e as instituições, ressaltando a importância do protagonismo político que a OAB costumava ter em Brasília.

“A Ordem hoje vive um processo que eu costumo chamar de desidratação institucional, a ordem está murchando, a ordem perdeu a capacidade de representatividade, perdeu o protagonismo, a ordem não dialoga com as instituições, não dialoga com a sociedade civil de maneira qualificada e, por isso, não consegue dar vazão às grandes demandas da advocacia”, disse.

Durante a entrevista, Cleber Lopes também falou sobre a importância da família na recuperação de indivíduos envolvidos em processos criminais e como o apoio familiar pode ser determinante para que essas pessoas se reestruturem após serem absolvidas pelo sistema de Justiça.

 

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