O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), anunciou que irá pautar projetos voltados à proteção de crianças nas redes sociais ainda nesta semana. A decisão ocorre após a repercussão nacional de um vídeo do influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, que denunciou casos de “adultização” e exploração de menores em conteúdos digitais.
Publicada na última quarta-feira (6), a denúncia de Felca viralizou, ultrapassando 26 milhões de visualizações e mobilizando autoridades, parlamentares e a sociedade civil. O vídeo trouxe à tona o caso do influenciador Hytalo Santos, que acumula mais de 20 milhões de seguidores e passou a ser investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por suspeitas de aliciamento e exposição indevida de adolescentes.
Entre os relatos, destaca-se a história de Kamylinha, que teria entrado no grupo de Hytalo aos 12 anos e vivido nesse ambiente até os 17. Segundo Felca, o influenciador promovia uma espécie de reality show com clima adulto, onde adolescentes participavam de conteúdos que envolviam danças sensuais, roupas curtas, situações sugestivas e temas sobre relacionamentos.
Em um dos momentos mais controversos, Kamylinha aparece dançando no colo de outro menor, sendo aplaudida por adultos. Também foi exibido um vídeo de pós-operatório de um implante de silicone, feito por ela aos 17 anos.
Repercussão no Congresso
Todas denúncias foram encaminhadas via “Disque 100”, canal oficial de proteção aos direitos humanos no Brasil. No entanto, antes de qualquer resposta da Justiça, Hugo Motta já se pronunciou sobre o caso.
“A situação exposta no vídeo do Felca tocou profundamente a sociedade brasileira. Não podemos mais ignorar o impacto nocivo da exposição precoce de crianças nas redes sociais. A Câmara irá agir com responsabilidade e urgência”, afirmou.
Outros parlamentares também se manifestaram. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o mais seguido nas redes sociais entre os congressistas, declarou que Felca “mexeu no vespeiro” e desejou força ao influenciador. Já a deputada Erika Hilton (PSOL) elogiou a postura do youtuber, classificando sua atuação como “cidadã e essencial para o debate público”.
As investigações contra Hytalo Santos tramitam sob sigilo devido ao envolvimento de menores, mas já resultaram em ações concretas, como a remoção judicial das redes sociais de Kamylinha. Hytalo nega todas as acusações, alegando que as adolescentes são emancipadas e que suas mães autorizam a participação nos vídeos.